MUDANÇAS FEITAS NA EMBARCAÇAO DURANTE 60 ANOS QUE NAVEGOU ENTRE BLUMENAU E ITAJAI FORAM REPARADAS NA RESTAURAÇAO
A restauração do vapor Blumenau foi baseada no projeto alemão original e em fotografias do século 20. Segundo o engenheiro naval André Luiz Pimentel Leite da Silva, o levantamento feito pela equipe de restauração descobriu que parte do projeto original não correspondia ao barco montado em 1894,em Itajaí.
Da embarcação que navegou de Blumenau até Itajaí por cerca de 60 anos foi totalmente refeito o chapeamento de aço no fundo, lateral até o convés: modificada a popa (parte traseira) para instalação da nova hélice: as partes de madeira foram refeitas.o barco também recebeu novos lemes e mastros. “Mas a estrutura do barco foi preservada. O leme antigo vai fazer parte do memorial”, conta o engenheiro naval.
Segundo a arquiteta Rosália Wal, o Vapor restaurado preserva as características do final do século 19 e inicio do século 20. “Intervenções posteriores como a implantação de paredes com janelas, que devem ter sido feitas nos anos 30 a 40, foram desconsideradas”, disse.
O projeto do instituto de pesquisa e planejamento urbano de Blumenau (Ippub) foi agenciado pelo Instituto Bertha Blumenau de Preservação do patrimônio histórico cultural e teve apoio decisivo do extinto Instituto Blumenau 150 Anos. “O restauro foi uma das nossas prioridades, dentro dos objetivos de resgate histórico e investimento em obras definitivas. Participamos para viabilizar a captação de recursos e o gerenciamento da obra”, diz Ricardo Stodiek, Presidente do Instituto Blumenau 150 Anos.
Com os projetos, restauração, marketing, montagem do canteiro de obras e do Memorial do Vapor foram gastos R$ 562.500,00. Stodieek destaca que a obra só foi possível graças ao empenho de entidades e empresários da cidade, mesmas ações que possibilitaram a encomenda do barco, em 1895.
No lugar do motor de 80 cavalos original, foi implantado outro a diesel,de 170 cavalos. Segundo Leite da Silva, o Vapor Blumenau poderia voltar a fazer o trajeto de Blumenau até Itajaí, mas para isso é preciso modificar dois ou três pontos de pedras que dificultam a passagem de embarcações no rio. “Esses pontos estão localizados entre Gaspar e Blumenau. Uma saída seria a dinamitaçao dessas pedras, mas, para isso, precisaríamos de um estudo de impacto ambiental”, explica.
Ainda de acordo com engenheiro, os barcos mais indicados para navegar no Rio Itajaí-Açu hoje seriam os “overcraft”, que navegam com colchões de ar. “Mas esses barcos são muito caros e barulhentos”, disse. Na opinião dele, contudo, o transporte comercial tanto com o Vapor Blumenau quanto com outros barcos seria um prejuízo. “Para trechos curtos como esse, o transporte fluvial é muito caro. Vale a pena apenas para trechos longos, como da Bacia do Prata ou Alto Tietê”, opina.
O secretario de trabalho e renda de Blumenau, Armando Nees, questiona essa avaliação, segundo ele, a chilena Detroit S/A. interessada em explorar o Rio Itajaí-Açu, prevê o uso de Catamarã para transporte de ate 120 pessoas turisticamente e com possibilidade de transporte de cargas. “No futuro, há a possibilidade de construir um porto na Itoupava Norte e trazer contêineres da região Oeste e da Argentina ate Itajaí, evitando as rodovias BR-470 e Jorge Lacerda”, comenta Nees. Os patrocinadores da restauração foram: Petrobras (R$300mil), Eletrosul (R$100mil), Brasil Telecom (R$57,5mil), Bradesco (R$50mil), prefeitura de Blumenau (R$30mil) e Dresden Bank (R$25mil).
- Matéria publicada em 31/08 e 01/09 de 2002 - Jornal de Santa Catarina.
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