sexta-feira, 15 de abril de 2011

RESPOSTAS DE ALGUNS POLITICOS

1) Napoleão Bernardes Neto para mim
mostrar detalhes 12 abr (3 dias atrás)

Caríssimo Milton!

Receba meu sincero reconhecimento pela válida e importante iniciativa. A história e a cultura são elementos fundamentais e entrelaçar a união de uma comunidade e os marcos históricos são destacados símbolos a nos traduzir a superação do passado e a nos inspirar na construção do futuro.

Conte comigo nesta jornada.

Abraços,
Napoleão

2) Deputada Ana Paula Lima para mim
mostrar detalhes 6 abr (9 dias atrás)

Olá Milton Alfredo da Luz
Parabéns pela iniciativa.
Importante instrumento de resgate de nossa história.
O abandono não pode prevalecer

   Atenciosamente

     Ana Paula Lima

3) Sen. Casildo Maldaner para mim
mostrar detalhes 14 abr (1 dia atrás)


Caro Milton,
Acessamos o blog e queremos lhe parabenizar pelo belo trabalho de resgate histórico.
Colocamos o gabinete à disposição para aquilo que a nosso alcance estiver. 
Atenciosamente,
Assessoria Parlamentar
Senador Casildo Maldaner
61 3303 4206
Twitter: @casildomaldaner
http://www.casildo.com.br/

terça-feira, 5 de abril de 2011

EMAIL ENVIADO A CLASSE POLITICA

Prezados Senhores,

Este email, está sendo enviado ao senhor prefeito de Blumenau, senhor governador do estado de Santa Catarina, algumas secretarias, bem como a todo Legislativo Blumenauense, Legislativo Catarinense, bem como deputados federais e senadores do Estado. Tem ele o objetivo de tentar mostrar aos Senhores que o blog por mim criado e que poderá ser visitado também http://www.vaporblumenau.blogspot.com/. Procurei postar nele toda a história de luta de meu tio Pedro Nogueira da Luz, da comunidade blumenauense, de Institutos, Fundações e Empresas Privadas que colaboraram num passado para a restauração do mesmo.
É Fato afirmar que os custos para a primeira restauração foram bastante altos, mas é ainda mais certo dizer que, quando um bem recebe manutenção adequada em tempo hábil o seu custo fica mais baixo e sua vida útil aumenta.
Então, vamos ao que nos interessa. No ano passado aproximadamente no perído de março conversei por um bom tempo com o Chefe de Gabinete da Prefeitura sobre o assunto e o mesmo disse que já havia o projeto de restauração e manutenção, dando inclusive detalhes do projeto que ora seria realizado. Cheguei a visualizar o mesmo, com lençol d'água e iluminação. Mas pelo visto, foi algo apenas para ser conversa de telefone, pois nestas férias de fim de ano, primos retornaram a Blumenau e até aconselhados para que fossem visitar o que para nós além de ser uma reliquia Patrimonial, Histórica e Cultural de Blumenau, é também uma lembrança de familia, pois Alfredo da Luz, o último Marinheiro-Patrão (Comandante) do barco era meu Avô.
Reitero ainda que o carinho que a Familia tem por Blumenau é muito grande, pois quando éramos crianças era o local onde íamos com nossos pais passar de 15 a 20 dias das nossas férias. Era uma visitsação que sempre nos deslumbrava, pois saídos do interior do Paraná, onde pode-se considerar que os valores e as decorações nos períodos de festas natalinas ficavam muito aquem das feitas nesta bela cidade.
Venho então, solicitar aos Senhores que, venham conhecer o blog e se cadastrem, para que através dele tenhamos mais forças para arrecadar ou chegar aos recursos para revitalizar o que num passado nao muito distante fez a História de Blumenau. Portanto, a História se faz com a cultura, com a preservação, com manutenção. Não podemos deixar que ela se deteriore no tempo e no vandalismo. Vejam os Senhores, o Vapor Blumenau, esteve a trabalho do crescimento da cidade e região por 61 anos, e mutos passam por ele, e vêm um monte de ferro, que poderiam estar sendo feitos depois de fundidos, incontáveis tampas de bueiros ou galerias. Então imaginem senhores, fazendo uma conta simples, se ele que somente trabalhou por 61 anos já está no esquecimento de Vossas Senhorias, imaginem os Senhores que exercem apenas mandatos, onde muito poucos vem seus atos por 4 anos, por quanto tempo serão lembrados.
Somos sabedores que, o povo Chines, o Japones, o Ucraniano e o Alemão, nesta sequencia são os povos que mais preservam seus Patrimonios Históricos e Culturais, então para que a Alemanha brasileira não seja somente criptografada por ser a cidade da Oktoberfest, pelo consumismo do chopp, mas também por trazer na sua herança,as demais tradições da Pátria de origem.
Este email, bem como todos os seus destinatários assim como todas as respostas que virem dos Senhores, estarão sendo publicadas no blog, para que a comunidade blumenauense tenha conhecimento das atitudes dos Senhores sobre o VAPOR BLUMENAU. http://www.vaporblumenau.blogspot.com/  - acessem AMIGOS DO VAPOR BLUMENAU  e depois em seguir e o sistema pedirá um email válido já existente para aceitar o cadastro. Aguardo os Senhores também por lá.
Sou neto, de Alfredo da Luz, moro em Cascavel/PR, e me coloco a disposição dos Senhores, dentro do que houver a possibilidade de trabalho e pesquisa sobre o assunto.
Em Blumenau, ainda residem 2 tios, Ludwig Nogueira da Luz e José Luiz da Luz.
Fico no aguardo de Vossas Senhorias e com a certeza de que alguns dos senhores tiveram antepassados que chegaram a Blumenau por meio do Vapor Blumenau.
Abraços,

foi enviado para os email's abaixo:
CAMARA DE VEREADORES DE BLUMENAU

jovino@camarablu.sc.gov.br, helenice@camarablu.sc.gov.br, betotribess@camarablu.sc.gov.br, vanio@camarablu.sc.gov.br, ff@camarablu.sc.gov.br, veneza@camarablu.sc.gov.br, deusdith@camarablu.sc.gov.br, deusdith@camarablu.sc.gov.br, zemarcal@camarablu.sc.gov.br, zecabombeiro@camarablu.sc.gov.br, marceloschrubbe@camarablu.sc.gov.br, wanrowski@camarablu.sc.gov.br, napoleao@camarablu.sc.gov.br, normadickmann@camarablu.sc.gov.br, vanderlei@camarablu.sc.gov.br

DEPUTADOS ESTADUAIS DE SANTA CATARINA




DEPUTADOS FEDERAIS DE SANTA CATARINA
SENADORES
casildomaldaner@senador.gov.br, luizhenrique@senador.gov.br, paulobauer@senador.gov.br

domingo, 3 de abril de 2011

NETO DE ÚLTIMO PILOTO DO VAPOR BLUMENAU CRIA BLOG PARA BUSCAR RESTAURAÇÃO DA EMBARCAÇÃO

Mesmo morando em Cascavel (PR), ele pretende conscientizar autoridades

Ludwig Nogueira da Luz 79 anos, segundo filho de Alfredo da Luz,morador de Blumenau.

Com mãos firmes sobre o timão do Vapor Blumenau, Alfredo da Luz viveu dias de esplendor nas viagens que comandou pelo Rio Itajaí-Açu. Último piloto da embarcação, aposentada em 1959, o marinheiro teve uma vida paralela entre a família que deixava no Bairro Nova Esperança para conduzir mercadorias e passageiros até Itajaí.

O legado de Alfredo agora inspira a família a criar um blog para sensibilizar empresários e poder público a restaurar o barco. Um dos símbolos do apogeu da economia do Vale, o Vapor já passou por quatro reformas, a última em 1999. Hoje, repousa à deriva em ruínas, degenerando-se à ação do tempo, na Prainha. À frente do Vapor Blumenau de 1929 a 1956, Alfredo exibia satisfação.

Os risos tão comuns na embarcação, no entanto, foram sufocados com a má notícia que chegou em 1959. O Vapor Blumenau seria desativado. Alfredo chorou soluçante, ainda no barco, quando fora comunicado. Ele e a equipe foram trabalhar na Estrada de Ferro de Santa Catarina, onde se aposentou. Na década de 1980, mudou-se para São Paulo perto das filhas e morreu em 1992.

Hoje, histórias das viagens, interpretadas por Alfredo nos encontros de família, serão resgatadas no blog Vapor Blumenau - Um Patrimônio Histórico, criado pelo neto Milton da Luz, 48 anos. Na página, também estão materiais que contam a história do barco, fotos e reportagens publicadas em jornais da época. O neto do piloto pretende reafirmar o protesto pela restauração do barco, iniciado pelo tio Pedro Nogueira da Luz, em 1959. Embora a distância - Milton mora em Cascavel (PR) - e sem ver o barco desde 1977, refere-se ao Vapor como membro da família.

A esperança é que a restauração e a abertura à visitação turística se concretizem:

- Meu avô tinha um amor imenso pelo Vapor, e por trás dele há uma linda história. Ano passado, da prefeitura me garantiram que o barco e a Prainha seriam melhor aproveitados. Quero que vire realidade - protesta.

Confira o blog: www.vaporblumenau.blogspot.com.
JORNAL DE SANTA CATARINA - 31 de março de 2011.

"CONVITE DE RESTAURAÇÃO DO VAPOR BLUMENAU - 2002"

ABAIXO AS PAGINÁS DO CONVITE FEITO PARA A RESTAURAÇÃO DO VAPOR BLUMENAU EM 2002.





No convite está descrito um pouco da história do Vapor Blumenau, o que ele significou para que Blumenau seja hoje uma das maiores cidades do Estado de Santa Catarina. Agradeço de coração pelo acontecimento deste evento, pois meu Tio Pedro Nogueira da Luz, iniciou a busca da realização deste sonho desde 1959, portanto, decorreram 43 anos para a sua realização. Hoje, ele com 81 anos, talvez não tenha mais a oportunidade de ver concretizada a próxima reforma, mas com certeza, estaremos aqui, forte e buscando alternativas para a manutenção da história viva e presente no povo blumenauense, que com certeza, não deseja ser marcada como a "Alemanha" brasileira pela realização da Ocktober Fest, mas sim pela manutenção de toda uma cultura, do patrimônio histórico e social, das tradições de um povo que atravessou o Oceano Atlantico, com sonhos que na realidade eram projetos de vida e de futuro. Se pudessemos, ter a entrevista de cada um deles quando desembarcou e chegou a Blumenau, teríamos uma maquete da Blumenau atual, uma cidade organizada e que mantém o repeito pelo seu passado, porque quem não sabe de onde veio, com certeza não saberá para onde vai.
Agradeço a todas as pessoas que participaram desta marcante Restauração e a todos os Patrocinadores, que certamente viram também na concretização desse projeto, um pouco de sí. Por isso, assim como outras histórias se mantêm no tempo, precisamos que o símbolo dela seja mantido e assim renovam-se as gerações.
Acredito que, através deste blog será o primeiro passo para sensibilizar as Classes Politica e Empresarial, para que colaborem e uma esteja em vigia da outra para a manutenção de todo o patrimônio historico, arquitetônico de Blumenau.
Convoco a cada cidadão blumenauense, que tenha uma história, que tenha um antepassado que fez uso do vapor, que tenha fotografias antigas, para que este acervo virtual se torne tão grandioso como é o povo desta cidade.

"O VELHO BARCO ESTÁ DE VOLTA"

RESTAURADA, PRESERVANDO CARACTERÍSTICAS ORIGINAIS, EMBARCAÇÃO HISTÓRICA É ABERTA À VISITAÇÃO PÚBLICA NESTE DOMINGO

Uma velha máquina está pronta para zarpar, mas levará um tempo ainda para fazê-lo. Mesmo restaurado o Vapor Blumenau descansa sobre pilastra na espera do reencontro de superfície com o Rio Itajaí-Açu. Enquanto isso, a partir desse domingo, as 10h, blumenauenses e turistas podem matar a saudade ou conhecer por dentro aquele que foi decisivo no progresso da região. Reinaugurado como memorial instalado na praça Juscelino Kubitschek, a Prainha, o Vapor é uma das princípais atrações do aniversário de 152 anos do município.
Depois de uma história de conquistas e abandono, o Vapor volta a ser aberto para o público a partir dessa segunda, no horário das 9h às 17h, sob a administração da Fundação Cultural de Blumenau. Como memorial em terra firme, o Vapor Blumenau terá no porão a exposição em painéis de informações e fotografias históricas, que mostram a importância do Rio Itajaí-Açu, da embarcação e dos demais barcos que auxiliaram no desenvolvimento da região: com depoimentos de quem conheceu o Blumenau em funcionamento; a época de abandono do Vapor e os passos de restauração.

Segundo a diretora do Arquivo Histórico Professor José Ferreira da Silva, Sueli Petry, em breve será disponibilizado para os visitantes um vídeo que mostra a revitalização do barco. As visitações serão monitoradas, com entrada oito a dez pessoas por vez, todas utilizando capacetes, item obrigatório para um espaço como o do museu. "A restauração do Vapor Blumenau é ver realizado o sonho de muitas pessoas, que por quase 50 anos batalharam para que isso acontecesse. O barco é uma referência para as novas gerações da história do Vale do Itajaí, especialmente da importância do rio e desse meio de transporte", afirma Sueli.
Desde a fase do projeto, elaborado pela arquiteta Rosália Wal, do Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Blumenau (Ippub), com co-autoria e engenharia de André Luiz Pimentel Leite da Silva, até a finalização, foram cinco anos de trabalho e negociações. A reforma propriamente começou no dia 03 de junho de 1999. O barco foi cortado: a parte traseira (popa) foi levada para um estaleiro em Itajaí; a parte dianteira (proa) foi reformada na Prainha.
Segundo o engenheiro naval Leite da Silva, a popa original do Vapor não era adequada e teve que ser modificada, com a instalação de uma hélice. "Por facilidade técnica, escolhemos fazer o trabalho em Itajaí. Tentamos aproveitar o máximo possível da estrutura original, que foi mantida em cerca de 80%", disse.


RESGATE

 A restauração do Vapor Blumenau é a primeira etapa de um projeto maior: o Rio Itajaí Histórico - O Olhar do Rio. O próximo passo é o resgate e ampliação do antigo porto, localizado na margem direita do rio, nos fundos da antiga Cervejaria Continental.
A terceira etapa é a urbanização da Prainha, que prevê, entre outros pontos, a implantação de platôs, a criação de uma área calçada e de um píer flutuante. "O último ponto do projeto é a implantação de outros atracadouros até Itajaí. Tanto o Vapor Blumenau quanto outros barcos poderiam voltar a fazer essa rota", diz Rosália.
Quando o porto estiver pronto, o Vapor Blumenau será transferido dos atuais apoios, na Prainha, para o cais, onde ficará ancorado e passará a ser um memorial flutuante. Segundo o empresário e presidente do extinto Instituto Blumenau 150 Anos, Ricardo Stodieck, com o projeto O Olhar do Rio pronto, o vapor navegará em caráter turístico, na divulgação e promoção do município. "Nosso sonho é que ele possa participar dos 500 anos de São Francisco do Sul, em 2004", disse.
Segundo o secretário de Trabalho e renda de Blumenau, Armando Nees, a negociação com empresários chilenos interessados em explorar o Itajaí-Açu comercialmente está avançada. "Calculamos que num prazo de 90 a 120 dias teremos a autorização documental, sinalizações e a plataforma flutuante que possiblitará a exploração comercial e turística do Itajaí-Açu", diz. Segundo ele, os técnicos é que definirão se o Vapor Blumenau poderá utilizar a plataforma flutuante, que será instalada em frente o antigo porto. "Para o projeto de revitalização do antigo porto, feito pelo Ippub, não temos nenhuma previsão, porque exige muito tempo e recursos para ser viabilizado", afirma Nees.


- Matéria publicada nos dias 31/08 e 01/09/200 no Jornal de Santa Catarina - Texto Alessandra Ogeda

"PROJETO FOI BASEADO NO ORIGINAL"

MUDANÇAS FEITAS NA EMBARCAÇAO DURANTE 60 ANOS QUE NAVEGOU ENTRE BLUMENAU E ITAJAI FORAM REPARADAS  NA  RESTAURAÇAO


A restauração do vapor Blumenau foi baseada no projeto alemão original e em fotografias do século 20. Segundo o engenheiro naval André Luiz Pimentel Leite da Silva, o levantamento feito pela equipe de restauração descobriu que parte do projeto original não correspondia ao barco montado em 1894,em Itajaí.
Da embarcação que navegou de Blumenau até Itajaí por cerca de 60 anos foi totalmente refeito o chapeamento de aço no fundo, lateral até o convés: modificada a popa (parte traseira) para instalação da nova hélice: as partes de madeira foram refeitas.o barco também recebeu novos lemes e mastros. “Mas a estrutura do barco foi preservada. O leme antigo vai fazer parte do memorial”, conta o engenheiro naval.
Segundo a arquiteta Rosália Wal, o Vapor restaurado preserva as características do final do século 19 e inicio do século 20. “Intervenções posteriores como a implantação de paredes com janelas, que devem ter sido feitas nos anos 30 a 40, foram desconsideradas”, disse.
O projeto do instituto de pesquisa e planejamento urbano de Blumenau (Ippub) foi agenciado pelo Instituto Bertha Blumenau de Preservação do patrimônio histórico cultural e teve apoio decisivo do extinto Instituto Blumenau 150 Anos. “O restauro  foi uma das nossas prioridades, dentro dos objetivos de resgate histórico e investimento em obras definitivas. Participamos para viabilizar a captação de recursos e o gerenciamento da obra”, diz Ricardo Stodiek, Presidente do Instituto Blumenau 150 Anos.
Com os projetos, restauração, marketing, montagem do canteiro de obras e do Memorial do Vapor foram gastos R$ 562.500,00. Stodieek destaca que a obra só foi possível graças ao empenho de entidades e empresários da cidade, mesmas ações que possibilitaram a encomenda do barco, em 1895.
No lugar do motor de 80 cavalos original, foi implantado outro a diesel,de 170 cavalos. Segundo Leite da Silva, o Vapor Blumenau poderia voltar a fazer o trajeto de Blumenau até Itajaí, mas para isso é preciso modificar dois ou três pontos de pedras que dificultam a passagem de embarcações no rio. “Esses pontos estão localizados entre Gaspar e Blumenau. Uma saída seria a dinamitaçao dessas pedras, mas, para isso, precisaríamos de um estudo de impacto ambiental”, explica.
Ainda de acordo com engenheiro, os barcos mais indicados para navegar no Rio Itajaí-Açu hoje seriam os “overcraft”, que navegam com colchões de ar. “Mas esses barcos são muito caros e barulhentos”, disse. Na opinião dele, contudo, o transporte comercial tanto com o Vapor Blumenau quanto com outros barcos seria um prejuízo. “Para trechos curtos como esse, o transporte fluvial é muito caro. Vale a pena apenas para trechos longos, como da Bacia do Prata ou Alto Tietê”, opina.
O secretario de trabalho e renda de Blumenau, Armando Nees, questiona essa avaliação, segundo ele, a chilena Detroit S/A. interessada em explorar o Rio Itajaí-Açu, prevê o uso de Catamarã para transporte de ate 120 pessoas turisticamente e com possibilidade de transporte de cargas. “No futuro, há a possibilidade de construir um porto na Itoupava Norte e trazer contêineres da região Oeste e da Argentina ate Itajaí, evitando as rodovias BR-470 e Jorge Lacerda”, comenta Nees. Os patrocinadores da restauração foram: Petrobras (R$300mil), Eletrosul (R$100mil), Brasil Telecom (R$57,5mil), Bradesco (R$50mil), prefeitura de Blumenau (R$30mil) e Dresden Bank (R$25mil).

- Matéria publicada em 31/08 e 01/09 de 2002 - Jornal de Santa Catarina.

"QUATRO DÉCADAS DE ABANDONO"

MELHORIAS NAS ESTRADAS PARA O LITORAL E A FORÇA DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO CAUSARAM A APOSENTADORIA DO BARCO EM 1956



O Vapor Blumenau não resistiu ao Progresso e afundou com o abandono. Com a chegada da estrada de ferro, na década de 50, e com melhores estradas ligando Blumenau a Itajaí, o movimento no porto de Blumenau caiu gradativamente até que, em 1956, o Vapor foi aposentado. A partir daí, seguiu-se uma trajetória de mudanças e deterioração, até a restauração definitiva.
Tão requisitado no final do século 19 e nas primeiras décadas do século 20, o Vapor Blumenau foi sendo substituído aos poucos. Primeiro, com a melhora das estradas, que agilizavam qualquer viagem de passeio até Itajaí ou Desterro (atual Florianópilis). Depois, em 1954, com a inauguração das linhas da estrada de ferro até Itajaí, pela rapidez e capacidade de cargas dos trens. Como registro das últimas viagens do barco, a escritora Edith Kormann afirma que Alfredo da Luz atuou de 1929 a 1956 como marinheiro no Blumenau e de outros barcos do gênero.
Desativado e abandonado, o vapor ficou atracado em Itoupava Seca, junto ao trapiche da Estrada de Ferro de Santa Catarina (EFSC) e, em 1957, encalhado no Ribeirão do Tigre. Em 1959, Pedro Nogueira da Luz, filho do último comandante do Vapor, Alfredo da Luz, começou a campanha denominada SOS para o Vapor Blumenau. Blumenauense, na época radicado em Curitiba, Pedro enviou cartas para diferentes localidades locais, estaduais e federais, pedindo que o barco fosse doado pela EFSC para a municipalidade e que recebesse os cuidados devidos a um patrimônio histórico.

DOAÇÃO

No início de 1960 o processo de doação foi formalizado, atendendo a solicitação da Câmara de Vereadores de Blumenau, feita no ano anterior. A prefeitura e o Kennel Clube de Blumenau começaram então uma campanha para instalar o barco em local público central. Com uma cheia do Itajaí-Açu no dia 8 de setembro de 1961, Raul Deeke capitaneou o transporte do vapor, semisubmerso na Itoupava Seca, até as pilastras de concreto na Prainha, pela emersão de tambores de ar que fizeram o vapor flutuar.
No mesmo ano a prefeitura deu comodato do Vapor ao Kennel Clube. Segundo o memorialista Niels Deeke, a entidade, em 1961, consertou e pintou o barco, além de viabilizar as pilastras de apoio do Vapor. "Naquele ano, o barco passou por um grande processo de restauração, que não contou com apoio técnico, mas melhorou sua imagem", afirma a arquiteta Rosália Wal.
A prefeitura reassumiu a manutenção do barco depois que o Kennel não instalou sua sede no Vapor. Segundo Sueli Petry, no início da década de 60 até a restauração atual, o barco passou apenas por uma reforma documentada, no governo de Dalto dos Reis, em 1985. Sem a conservação adequada, o barco foi sendo destruído pela ação do tempo e depredações.

"RECORDAÇÕES"



Margareta Medeiros - 84 anos, blumenauense filha de Alfredo Baumgarten, que nas décadas de 20 e 30 do século 20, preferia o trajeto até o Litoral com o Vapor Blumenau:
"Quando criança eu devo ter andado no Vapor, mas o que mais me recordo é de quando era adolescente, com uns 13 ou 14 anos. Naquela época, os blumenauenses descobriram a Praia de Cabeçudas, em Itajaí, que parecia um bairro de Blumenau. As famílias que aqui eram amigas se transferiam para lá no verão. A gente deixava os pais irem de carro e íamos com o naviozinho, porque era muito mais divertido. Lembro que a gente embarcava as 10 horas, perto da atual prefeitura. Levava lanche e uma vitrola, para um grupo de amigas. Na época tinha uma salinha, com muitas janelas, com mesas e duas poltronas de vime. Lá, a gente fazia o lanche, com frutas pães e sanduiches. Lembro que chegavámos na barra do rio, em Itajaí, as 17 horas. Os pais já estavam lá a tempo, porque um automóvel na época levava de duas a três horas para chegar em Itajaí. Sempre me lembro que a gente via no Vapor o carro dele nos esperando. Uma coisa muito interessante deste navio é que quem quisesse viajar, bastava ficar na barranca do rio, com a malinha do lado, e abanar com um lenço. Daí o navio encostava e a pessoa subia por uma tábua. Lembro também da cozinha do navio, onde faziam feijão, arroz, fritavam um peixinho... O tempo das viagens variava conforme a maré. Quando subia, era mais vagaroso, o Blumenau não balançava, apenas um pouco, quando passava alguma lancha. Na parte de trás do navio, depois da salinha com janelas, o barco era aberto. A gente ficava lá sentada, onde tinha a melhor visão do rio".



Pedro Nogueira da Luz, 72 anos, filho do último comandante do barco, liderou, em 1959, a Campanha SOS para o Vapor Blumenau:"
"Em 1959, eu morava em Curitiba e, numa passagem pro Blumenau, viu Vapor se deteriorando. Em seguida, tive o conhecimento que a rede ferroviária venderia o barco como sucata. Pelas rádios, prometi ao povo que faria uma campanha para que o vapor fosse doado para a Prefeitura. De volta a Curitiba, mandei dezenas de cartas para imprensa, para o prefeito, deputados federais, diretor de rede ferroviária, até para o Presidente da República. Um mês depois, recebi um telex da Casa Civil dizendo que o Vapor seria doado. Depois, continuei insistindo para ele ser recuperado. Hoje, felizmente, ele está lindo em sua forma original. É um sonho realizado, porque o Vapor é como se fosse um filho adotivo. Quando eu era garoto, navegava muito nele. Meu pai era marinheiro e depois foi comandante. Fazíamos muitas viagens até Itajaí, onde meu avô morava. O barco trouxe evolução para a cidade, em todas as áreas. A molecada fazia a festa nas viagens. Muitas vezes, eu subia no comando e ajudava meu pai a guiar".

- Matéria publicada em 31/08 e 01/09 de 2002, no Jornal de Santa Catarina.

sábado, 2 de abril de 2011

O ASSASSINATO DO COMANDANTE DO VAPOR BLUMENAU

 
 
 
 
COMO TUDO ACONTECEU
Hoje vamos reproduzir um relato feito pelo Sr. Frederico Guilherme Busch Jr., ex-prefeito de Blumenau, publicado na revista "Blumenau em Cadernos" na edição nº 9, Tomo IX, de setembro de 1968. Busch também era proprietário do cinema do mesmo nome, que fôra fundado pelo seu pai em 1904.
 

Busch escreveu o seguinte:
"Antigamente, quando o comércio de Blumenau necessitava de mercadorias com uma certa urgência, tinha que adquirir as mesmas em Itajaí, nas firmas Asseburg ou Malburg.
E o intermediário nas compras era sempre o comandante do vapor Blumenau", Krubeck. Quando um negociante qualquer necessitava de dois sacos de açúcar, de um saco de farinha, de uma outra mercadoria, era só falar com o comandante Krubeck e já no dia seguinte a encomenda vinha pelo "Blumenau".
E não eram só mercadorias. Também recados, bilhetes, cartas, embrulhos.
Tudo, o infatigável capitão transportava com o maior prazer, sempre atencioso, sempre alegre. Era um homem bom, prestativo. Não era pois de estranhar que todo mundo gostasse do comandante Krubeck. Todos o estimavam, recebiam-no prazerosamente em suas casas, cumulavam-no de obséquios.
Mas, como todo quê tem seu "mas", o comandante Krubeck gostava de uma pinga. E quando esta lhe subia à cachola ele virava valentão. E então tornava-se insuportável.
 


Certa noite estava ele no bar do Hotel Holetz (foto) bebericando em companhia do Oficial de Justiça Panoch.
Em uma mesa próxima estava sentado, tomando sua cerveja, um polaco de nome Miguel Nita, deixando ver à cintura uma pistola.
Lá pelas tantas, Panoch, que vinha observando o homem armado, disse ao Comandante Krubeck, que já andava com a pressão bem alta:
- Você sempre diz que é muito homem. Pois quero ver você tirar a arma daquele polaco e mostrar-lhe como se cumpre a lei que proíbe andar armado.
O comandante não contou tempo. Aproximou-se de Nita e o intimou a entregar-lhe a arma.

O polaco, sem perder a calma, fez ver que o comandante não era da polícia e, consequentemente, não tinha autoridade alguma para tirar-lhe a pistola. E pagando a sua conta foi saindo porta afora, para não criar maiores complicações.
O capitão Krubeck, decepcionado, não se deu por vencido.
Saiu atrás de Nita e falando-lhe e ameaçando-o, acompanhou-o até a altura da atual Casa Coelho (*), onde então morava a família Kiesel.
Ali, continuando Nita a negar-se em entregar-lhe a arma, o comandante agarrou-o por trás, procurando desarmá-lo à força.
Foi quando Nita, puxando da arma, desfechou vários tiros contra Krubeck, que caiu mortalmente ferido, morrendo logo depois. Enquanto o atingido era socorrido pelas pessoas vizinhas, Nita pôs-se em fuga."
Na sua narrativa, Busch continua:
"Toda esta cena foi assistida pelo meu pai que, vindo do cinema, acompanhava a uma distância de uns cinco metros os dois que brigavam.
Foi, assim, a única testemunha de vista.
Ao tomar conhecimento do ocorrido, a cidade inteira alvoroçou-se. A grande estima que Krubeck desfrutava era razão suficiente para que não se indagasse quem era o culpado. E mal surgira a manhã seguinte, organizaram-se grupos de populares para perseguir e prender o criminoso, enquanto o comandante assassinado era velado na Casa Kersanach, onde hoje são a Casa Flamingo e Casa Lorgus (**), até que seu corpo foi transportado para Itajaí, onde foi dado á sepultura.
 

Miguel Nita, acossado pelos grupos, foi preso. Submetido por duas vezes a julgamento, acabou fugindo da prisão.
Na manhã seguinte ao crime, meu pai procurou o Promotor Público, Sr. Manoel Barreto, a quem contou todo o fato, tal como havia acontecido realmente, mas pediu-lhe que não o arrolasse na denúncia para que não tivesse que enfrentar a opinião pública, franca e parcialmente favorável ao morto."

REPERCUSSÃO NA IMPRENSA
No seu número de 9 de abril de 1910 o jornal "Blumenauer Zeitung" publicava a seguinte notícia na Seção Local:
"O assassino do capitão Krubeck, Miguel Nita, que fôra julgado duas vezes pelo Tribunal do Júri local, e condenado, da primeira, a 17 anos, e da segunda a 13 anos de prisão, e que havia apelado da segunda sentença, fugiu da cadeia na noite de sexta-feira para sábado da semana passada. O criminoso serrara um dos varões de ferro da janela, bem rente à parede, fugindo pela abertura. Parece que Nita tramou o escape com a família, a qual se retirara desta cidade dois dias antes da fuga, tendo antes visitado o prisioneiro. Em Itajaí, a família do assassino comprou passagem no "Mayrink", com destino ao Rio. Também Nita não estava sem dinheiro, pois há pouco tempo chegara-lhe uma forte soma de dinheiro. Sua mulher não quis recebê-la, alegando não conhecer o dinheiro brasileiro. Por isso aquela soma foi entregue a Nita, diante de sua esposa. Do fugitivo não se tem até agora a menor pista e nem se sabe que direção ele tomou ou se ainda anda escondido por aqui. A polícia logo tomou as providências necessárias e estabeleceu uma gratificação de 100$000 a quem o capturasse, ou informasse o seu paradeiro."
E assim ficou sem solução mais este caso policial, na Blumenau de 100 anos atrás.
Observações:
(*) Casa Coelho, e (**) Casa Flamingo e Lorgus, eram casas comerciais existentes na época em que Frederico Busch Jr. escreveu a narrativa, não a época do crime (1910).
 

OUTROS VAPORES

VAPOR PROGRESSO

Foi o pioneiro. Construído pela mesma empresa do Vapor Blumenau, na Alemanha, fez sua viagem inaugural no dia 09 de dezembro de 1879, de Itajaí a Blumenau. O navio tinha potência de 30 cavalo; 22,80 metros de comprimento; 3,34 metros de largura, 1,80 metros de altura; e casco calando 70 centímetros. Desde que foi inaugurado, o Vapor Progresso fazia diariamente viagens entre Itajaí e Blumenau, num dia subindo o rio e no outro descendo. Em 1912 ele foi desativado.

VAPOR JAN

Rebocados de propriedade de Grewsmuehl e Hering, que aportou em Blumenau no dia 27 de outubro de 1889. Menor que o Progresso, tinha uma máquina possante que reforçou a rota Blumenau-Itajaí. Em janeiro de 1907 foi vendido para a Comissão de Melhoramentos da Barra do Porto de Itajaí.

VAPOR SANTA CATARINA

Conhecido como Catarina, era um rebocador curto e resistente que fazia sempre o percurso inverso do Progresso. Enquanto um descia o outro subia o rio. Segundo Sueli Petry, diretora do Arquivo Histórico de Blumenau, o rebocador conduzia materiais de construção da Estrada de Ferro de Santa Catarina.

VAPOR GUSTAV

Propriedade de Frederico Guilherme Busch Sênior, foi construído em 1908 num estaleiro local para transporte exclusivo de passageiros até Itajaí. Segundo Sueli Petry, o Vapor Gustav tinha potência de 50 cavalos e transportava até 60 passageiros. O Gustav foi vendido em 1914 para Joinville.

VAPOR RICHARD PAUL

Chegou em Blumenau em 26 de junho de 1910, fabricado na Alemanha. O Vapor era um transatlântico em miniatura que transportava passageiros e cargas entre Blumenau, Itajaí, Florianópolis e até Rio de Janeiro. Segundo o livro Acib Blumenau - 90 Anos de Memória, o Vapor Richard Paul alimentou, inicialmente, a concorrência com o Progresso e o Blumenau, diminuindo os preços das passagens de primeira e segundas classes.

VAPOR BLUMENAU II



Barco de turismo não era a vapor. Construído nos estaleiros de Itajaí, teve viagem inaugural em 24 de setembro de 1972. Navegava somente em Blumenau, transportando passageiros como veículo de passeio. Foi também restaurante. O Vapor Blumenau II parou suas atividades em 1990. Após alguns naufrágios, submergiu em Ilhota, em junho de 2001.


RIO ITAJAÍ ERA A PRINCIPAL LIGAÇÃO COM O LITORAL


Na era das rodovias duplicadas e fretes aéreos, é um pouco dificíl imaginar que um barco com capacidade para aproximadamente 10 toneladas de carga já foi o principal meio de transporte local. Mas exatamente esse foi o papel do Vapor Blumenau por pelo menos quatro décadas. Quando ele dobrava a curva do rio, era sinal da chegada de maquinários, dividendos ou mesmo cartas de parentes ou amigos distantes.
Pelo Rio Itajaí-Açu chegaram os imigrantes que investiram na idéia da Colônia Blumenau. Pelas mesmas águas era feito todo o comércio de importação e exportação da colonia. Inicialmente, por pequenas canoas e balsas. Depois vieram as barcaças, botes e lanchões. O problema é que levava muito tempo para fazer o trajeto Blumenau a Itajaí, especialmente quando não havia vento: de um dia e meio até dois dias.
Por terra, o mesmo trajeto era possível por uma picada, que margeava o Rio Itajaí-Açu. Registros históricos apontam que essa estrada foi construída em 1864/65 a pedido do Dr. Blumenau. Pelas condições da picada, ela era utilizada principalmente pelas tropas de gado, cavaleiros e andantes. Em 1930, o trajeto melhorado já possobilitava viagens de carros, segundo a blumenauense Margareta Medeiros, 84 anos. Em cerca de duas ou três horas e meia, os automóveis faziam por terra o mesmo trajeto que o Vapor Blumenau.
Pouco antes de concluída a picada, em 1863, o colono Fernand Ebert fez a proposta de uma Companhia de Navegação a Vapor ligar Blumenau e Desterro (atual Florianópolis), servindo os portos de Tijucas, Porto Belo e Itajaí. Mesmo a idéia tendo sido aprovada na Assembléia, um abaixo-assinado abortou o projeto. O documento contrário de Ebert dizia que a prioridade da colônia era a conclusão da estrada até Itajaí e "uma boa e direta estrada para acima da Serra do outro lado".
Em 1874, foi criada em Desterro a Companhia Catarinense de Navegação. A compra do Vapor São Lourenço, destinado para fazer as linhas regulares da Capital com Gaspar, favoreceu Blumenau, mesmo não chegando até o município graças às fortes corredeiras e baixa profundidade na localidade de Belchior. As mercadorias eram levadas até Gaspar com canoas e carroças. Além de cargas, o vapor também transportava passageiros e malas postais - também em 1874 foi criada uma agência de Correio em Blumenau.

- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina em 31/08 e 01/09 de 2002.

"CHEGADA DO VAPOR INCREMENTOU A NAVEGAÇÃO"



O Vapor Blumenau era o barco mais poderoso da sua época na região. Encomendado para reforçar o trabalho do Vapor Progresso, o Blumenau singrou as águas do Rio Itajaí-Açu pela primeira vez em 30 de maio de 1895. Ele vinha de Itajaí, com o governador Hercílio Pedro da Luz e outras autoridades políticas, depois de ter cruzado o Oceano Atlântico desmontado.
O Blumenau foi a segunda aquisição de grande porte da Companhia Fluvial a Vapor Blumenau-Itajaí, criada em 1878, por iniciativa de empresários e comerciantes de destaque de Blumenau, Gaspar e Itajaí. A finalidade da Companhia era criar uma linha regular de transporte fluvial para levar e trazer mercadorias e pessoas entre o Litoral e a incipiente Blumenau. A primeira aquisição foi o Vapor progresso.
A Vida centenária do Vapor Blumenau começou a ser traçada em 1893, quando a Companhia Fluvial encomendou um vapor para os estaleiros da Schlicksche und Maschinenbauanstalt. Pronto, ele cruzou o Atlântico desmontado. Em 1894, no Porto de Itajaí, o vapor foi remontado e finalmente estava pronto para navegar.
Com potência de 80 cavalos, o Blumenau levava cerca de 7 horas e meia para subir o rio. Na direção oposta, com a ajuda das correntezas, levava em média quatro horas, segundo informações da historiadora Edith Kormann no livro Blumenau - Arte, Cultura e as Histórias da Sua Gente. Por ser mais rápido que o Progresso, foi apelidado, segundo Kormann, como "palheta".
O advogado e memorialista Niels Deeke, 65 anos, lembra das várias marolas provocadas pelo vapor e que dispersavam os robalos quando ele tinha 10 anos. Era muito interessante ouvir, vindo de longe, o som característico do deslocamento d'água provocado pelas potentes palhetas de propulsão do Blumenau", relembra Deeke. "Mas era o terror da pescaria, porque as marolas criadas pelo vapor determinavam o fim da pescaria naquele dia", comenta. O navio percorria três vezes por semana o trajeto de ida até o Porto de Itajaí e volta.

- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina em 31/08 e 01/09/2002.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

"VIAGENS DO VAPOR BLUMENAU VIVAS NA LEMBRANÇA"


Há 40 anos o destino do Vapor Blumenau é uma preocupação para o blumenauense Pedro Nogueira da Luz, 70 anos, que agora veio de Curitiba onde mora, para ver de perto as obras de restauração do barco. Ele ainda lembra saudoso das várias histórias de seu pai, Alfredo da Luz, que começou a trabalhar no vapor em 1929, quando tinha 23 anos, contava. "Estou entusiasmado com as obras, sempre foi meu sonho ver este barco histórico restaurado. Quando ele for lançado na água es estiver funcionando como museu, para mim será a maior alegria. Trarei pessoalmente meus cinco netos para ver de perto aonde o bisavô deles trabalhou".
O presidente do Instituto Blumenau 150 Anos, uma das entidades responsáveis pela restauração do navio, Ricardo Stodieck, disse que já tem uma lista de pessoas que trabalharam e viajaram no Vapor Blumenau, para participarem da solenidade de inauguração, prevista para janeiro de 2001, quando será aberto à comunidade em forma de museu, abrigando toda a história da navegação do Vale do Itajaí. "Estamos preparando um vídeo com depoimentos destas pessoas e, com certeza, o senhor Pedro será um destes convidados especiais", afirma Stodieck.



HISTÓRIAS

"Tenho esperança que a minha luta não tenha sido em vão", dizia Pedro da Luz, em artigo publicado no Santa em 15 de junho de 1994, conclamando a população para participar da luta para recuperar a embarcação. Mas voltando ao passado um pouco mais, ele conta a história das viagens que eram diárias para Itajaí, transportando a produção alimentícia e textil de Blumenau com a capacidade para 30 passageiros.
Nas viagens pelo Rio Itajaí-Açu, os marinheiros esperavam o tempo passar jogando cartas. Segundo Pedro da Luz, o conferente de mercadorias sempre perdia e, chateado, disse certa vez: "Quero ver o diabo se vou colocar a mão nestas cartas de novo". Mas a promessa não foi cumprida e o conferente voltou a jogar, mas do que depressa Alfredo da Luz, resolveu se vestir de diabo, tirou a dentadura, pegou uma bandeira vermelha e por uma corda desceu até a vigia, espécie de janela do barco, e gritou para a sala onde eles jogavam: "jogando novamente seus vagabundos". O conferente chutou a mesa, deu um pulo de susto e até molhou as calças", conta Pedro da Luz. Segundo ele, depois daquele dia o conferente nunca mais jogou cartas com os amigos.
Com tristeza, Alfredo da Luz deixou de trabalhar no Vapor Blumenau, em 1956, para trabalhar na Rede Ferroviária picotando passagens e conferindo cargas. Ali ficou por mais 10 anos, até se aposentar. Mais tarde ele foi morar em São Paulo, onde faleceu. Mas suas histórias permanecem na memória do filho.

- Matéria publicada em 31/10/2000, no Jornal de Santa Catarina - Jornalista Marli Jardim