Alfredo começou a trabalhar no Vappor Blumenau em 1929, quando tinha 23 anos. Iniciou como moço de convés, mas a paixão pelas águas o fez, em pouco tempo, marinheiro-patrão. A embarcação fazia viagens diárias de itajaí transportando fécula, animais, alimentos e até carros. Muitos imigrantes alemães que colonizaram a cidade também vieram pelo barco., que, aliás, fora trazido de lá e montado em Santa Catariana.
O Vapor chegava a carregar até 40 toneladas e podia acomodar mais de 30 pessoas. As cargas eram embarcadas em um plano inclinado na Itoupava Seca, próximo de onde hoje funciona o porto de areia. Além dele também o rebocador Santa Catarina e outras onze embarcações iam totalmente tomados. A partida acontecia pela manhã às 10 horas, e a chegado no trapiche perto do porto de Itajaí era ao anoitecer.
Como a viagem era relativamente longa Alfredo explica que a primeira classe ia muito bem acomodada, alojada na parte traseira do convés. A tripulaçao era composta por oito pessoas e os marinheiros dormiam dentro do próprio Vapor porque a volta era somente no dia seguinte. Ele recorda com satisfação das malvadezas que juntamente com seus comapnheiros faziam. Como a de fantasiar de diabo para assustar os outros durante as noites. Lembra também dos maus momentos passados pelo barco, como na enchente de 1927, quando teve que ser amarrado no Hotel Holetz, para não ser carregado pelas águas.
Só que antes disso, em 1919, por decreto do então Presidente da República, Delfim Moreira, a Comapnhia de Navegação, proprietária do barco, foi encampada pelo governo federal e os seus bens passaram todos à Estrada de ferro de Santa Catarina, que os administraria. Conforme documentos do Arquivo Histórico da cidade, "o desenvolvimento da rede rodoviária e os aperfeiçoamentos nos meios de transportes terrestres acabaram por tornar muito cara a exploração da navegação fluvial".
Com isso, o Vapor foi abandonado e quando estava para ser vendido como sucata, foi doado ao Kenner Clube de Santa Catarina para que o usasse como sua sede. Como o clube não tinha condições de recuperá-lo foi tirado do rio e colocado onde hoje é a Praça Juscelino Kubitscheck.
Alfredo lembra que ajudou nessa tarefa amarrando cerca de 100 barris ao redor da embarcação, para que não afundasse. Foi com muita tristeza que ele abandonou o Vapor em 1956 para trabalhar na Rede Ferroviária Federal. picotando passagens e conferindo cargas. Ali trabalhou dez anos e se aposentou. Em 1980 deixou Blumenau e foi morar em São paulo.
MODIFICAÇÕES DESAGRADARAM
Alfredo lamenta que o destino dado ao barco. Ele acha que deveria ter sido conservada a forma original do barco para que pudesse abrigar um museu. Avalia que as alterações tiraram o romantismo da embarcação, porque já não retratam sua imagem verdadeira. O timão, por exemplo, ficava na parte superior do convés, numa "casinha". Os porões tsambém foram modificados e hoje não existe mais a caldeira movida a lenha nem as rodas que faziam com que o barco se movimentasse. O unico compartimento que se conserva na forma original é o local onde os marinheiros pernoitavam.
Texto extraido do Jornal de Santa catarina dos dias 6 e 7 de março de 1988.
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