segunda-feira, 28 de março de 2011

EDITORIAL JORNAL DE SANTA CATARINA EM 15 DE JUNHO DE 1994.






VAPOR BLUMENAU -  Por Pedro Nogueira da Luz:

Senhor Editor,
Incompreensivel e lastimável o que se passa com o Vapor Blumenau, um patrimonio histórico abandonado ao tempo, desprezado pelos cidadãos dessa cidade, os quais em grande parte de origem germanica, cujos antepassados se utilizaram desse patrimônio no transporte de cargas e passageiros, bem como, na prestação de socorro quando das grandes enchentes. Aseguir tenho a comentar o seguinte. Em 1959, de passagem por Blumenau, encontrei o Vapor jogado num riacho no bairro de Itoupava Seca. Conforme informações colhidas no local, tive conhecimento que o referido Vapor estava prestes a ser vendido pela rede ferroviária Federal como sucata. Revoltado com o fato, resolvi fazer um apelo ao povo de Blumenau para que salvasse o Vapor. De volta a Curitiba, escrevi dezenas de cartas para Camara de Vereadores, Rede Ferroviária Federal, Jornais, Rádios. Em aproximadamente 30 dias, comecei a receber respostas de minhas cartas, principalmente da área Federal, menos da cidade de Blumenau. Como documento principal, recebi um telex da Casa Civil do então Presidente Juscelino Kubitcheck de Oliveira, doando o Vapor (atraves de processo) à Prefeitura de Blumenau. De posse de vários documentos fui a Blumenau contatar com o Sr. Prefeito, o qual encontrei em companhia do Sr. Busch. Entreguei os documentos aos Sr. Deecke e solicitei ao mesmo que desse prioridade na solução do caso. Passando vários meses voltei a Blumenau e nada havia sido feito com o Vapor. Posteriormente soube que o Prefeito havia passado a operação do resgate  do vapor ao Kennel Clube, o qual com grande sacrificio transportou o vapor atraves de tambores erguendo sobre bases um pouco abaixo de onde hoje está localizado. Quero aqui render minhas homenagens ao Kennel Clube pelo grande trabalho prestado no salvamento do Vapor. Após a localização do Vapor na barranca do Rio Itajaí, lá ficou por longo tempo ao abandono, sem que ninguem demonstrasse interesse na sua restauração. Por ter sido colocado perto das margens do rio, o vapor quase foi destruido por várias enchentes. Assim ficou por vários anos abandonado, sem que os Prefeitos que se sucederam nao deram a minima atenção. Foi quando o Senhor Prefeito Dalto dos Reis demonstrou interesse em reconstruir o Vapor de maneira parcial na sua forma original. Não posso deixar de prestar minha homenagem à paisagista Ana Holzer, uma das pouquissimas vozes a gritar por socorro em prol do salvamento do Vapor. Tenho esperança que a minha luta não tenha sido em vão. Vamos contar com a dignidade e a consciência dos cidadãos dessa cidade para que se conscientizem do valor histórico do Vapor e que venham a fazer uma campanha (não de conversa) para arrecadar fundos para a salvação do Vapor. Blumenau possui um parque industrial fabuloso, um comércio ativo, grandes clubes. Eu não concebo que toda a comunidade venha passando por fases financeiras de dificuldade e de miserabilidade que cada um não possa contribuir com uma pequena parcela de cruzeiros na campanha de arrecadação de fundos para a salvação do Vapor. Caso não seja solucionado vou esquecer o assunto. Sou um cidadão que reside em Curitiba há muitos anos e aqui todo patrimônio histórico por menor que seja é cuidado pela Prefeitura com muito zelo e muito carinho.

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