quinta-feira, 31 de março de 2011

"NOVOS EQUIPAMENTOS RECONSTITUEM VAPOR BLUMENAU"

RECOMPOSIÇÃO REPRODUZ ESTRUTURA FIEL DO BARCO QUE OPEROU NA REGIÃO A PARTIR DE 1985

O Vapor Blumenau, recebeu na manhã de ontem um novo guincho, que reconstitui com fidelidade o roiginal, utilizado para embarcar a carga que o barco transportava em seu período de atividade, entre 1895 e os anos 50. É uma das etapas finais da recomposição do vapor, iniciada em 1999 e inicialmente planejada para os festejos do Sesquicentenário do município.
Além do mastro que sustenta o guincho, outro, localizado na popa, também foi recolocado. Eles são feitos de madeira, obedecendo aos padrões da mais fiel e cuidadosa restauração pela qual a embarcação já passou. Outro destaque será o museu interativo, que terá lugar no antigo espaço de cargas do vapor.
De acordo com o empresário Ricardo Stodieck, ex presidente do instituto Blumenau 150 Anos e responsável pela restauração, os mastros originais e o guincho foram destruídos com a deterioração do tempo. Sua instalação encerra os trabalhos de metalurgia e de mecânica. "Faltam apenas acertos finais de carpintaria e pintura, para finalizar a parte elétrica e a colocação do toldo", garante Stodieck.
O vapor deverá ficar pronto até 14 de julho. De acordo com o empresário, o barco será inaugurado em uma cerimônia especial no dia 1 de setembro, o domingo que antecede o aniversário de 152 anos do município.

REVITALIZAÇÃO

O Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Blumenau (Ippub) já tem um esboço da revitalização do espaço que cerca o Vapor Blumenau, na Prainha. Entre as principais melhorias previstas estão o reforço da iluminação no local, que é precária, reforma do calçamento, ajardinamento e instalação de tótens de identificação.
"O projeto também inclui a instalação de um portão e a colocação de vigilância. Queremos que a Prainha, hoje praticamente abandonada, possa voltar a ser um espaço para passeio e lazer do blumenauense e do turista", frisa Rosália Wal, arquiteta do Ippub.
A recuperação da peça é a etapa inicial de um plano mais ambicioso, o resgate e a ampliação do antigo porto. A intenção é que o local receba não só o próprio Vapor Blumenau, como as outras embarcações. O projeto da restauração foi desenvolvido pelo Ippub, e é resultado da iniciativa do Instituto Bertha Blumenau, com apoio do Instituto Blumenau 150 Anos.


- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina no primeiro semestre de 2002 - Jornalista Rnê Müller

"OS ÓRFÃOS DO VAPOR BLUMENAU"

O Instituto Blumenau 150 Anos, uma das entidas responsáveis pelas reformas no Vapor Blumenau, está elaborando uma lista de de pessoas que trabalharam ou viajaram na embarcação para participarem da solenidade de inauguração, no começo do próximo ano. Na ocasião ele será aberto em forma de um museu que contará toda a história da navegação no Vale.


- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina em 31/10/2000.

"FIDELIDADE AO PROJETO ORIGINAL"

Depois de restaurado, o Vapor Blumenau será transformado em museu. A história que guarda em seu interior será atração maior deste museu. Dividos em tres compartimentos básicos, o Vapor se abrirá para visitas à casa de máquinas, onde será reconstruída em volume e proporção a caldeira utilizada no passado, a área para depósito de mercadorias, onde se transportava a produção da região rumo às cidades vizinhas, e o convés, onde ficavam os quartos dos oficiais.
Na parte de cima do convés, onde iam os passageiros, também será promovida a restauração. Na época bancos com capacidade para 36 pessoas transportavam moradores ao londo do rio.
"Estamos procurando manter a originalidade destes bancos, dos corrimãos, timão e piso em madeira do convés", explica a arquiteta Rosália Wal.
As cores originais - branco, vermelho-escalate e cinza, também serão mantidas.
Um bote auxiliar que ia atrelado ao Vapor Blumenau, também está sendo pesquisado para que seja possível adaptá-lo à embarcação restaurada. "Estamos buscando referências na planta original, que ainda possuímos, e junto a museus de vários lugares para que seja possível a busca de semelhanças", comenta Rosália.
Orçada em cerca de R$ 450 mil, a restauração do Vapor Blumenau está sendo possivel através da Lei Rouanet, de incentivo à cultura, que facilita a viabilização de verbas junto a empresas privadas. São parceiras no projeto, a Petrobras, Telesc, Bradesco e Dresden Bank. A realização é do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Blumenau (Ippub), Instituto bertha Blumenau e Instituto Blumenau 150 anos.

- Matéria publicada no mes de setembro de 1999, pelo Jornal de Santa Catarina.

"CONCLUÍDA A PRIMEIRA FASE DA RESTAURAÇÃO"

ATÉ DEZEMBRO, VAPOR BLUMENAU DEVE ESTAR DE VOLTA AO ITAJAÍ-AÇU

A estrutura de aço da popa do Vapor Blumenau está concluída. Agora, os profissionais da LD Engenharia, em parceria com o Estaleiro Premolnave, de Navegantes, trabalham na instalação do motor e da hélice da embarcação. A restauração do histórico começou em junho deste ano e deve estar pronta até a primeira quinzena de dezembro. O restante do barco está sendo restaurado na Prainha, em Blumenau, e apresentsa 30% da estrutura em aço já substituída.
O presidente do Instituto Blumenau 150 anos, Ricardo Stodieck, garante que o trabalho está de acordo com o cronograma. Depois de pronto, o Vapor ficará ancorado no antigo Porto de Blumenau, que será recuperado como parte do projeto de reurbanização da Rua XV de Novembro, com previsão também para dezembro.
O engenheiro mecânico responsável pelos trabalhos, Leônidas Rezende Dutra Neto, diz que agora o próximo passo será instalar o motor e a hélice na popa da embarcação. "Dentro de dois meses, queremos estar levando a popa para Blumenau  para que seja, finalmente, recolocada no barco", diz. Segundo ele, a parte mais complexa do trabalho, cujo projeto foi elaborado pelo engenheiro naval André Luiz Pimentel, foi mesmo a recuperação da popa. 
"Toda esta parte que agora receberá o motor, antes comportava a caldeira. Foi necessário redesenhar a estrutura", comenta. O motor terá 170 cavalos marítimos de potência. A parte do barco que está em Blumenau, na Prainha, ainda será submetida ao acabamento geral, com serviços de carpintaria nos mastros, na roda de água que será restaurada, na sala de comando, máquinas e estrutura elétrica. "Faremos tudo como era antes".
RESTAURO 

Com esta filosofia a arquiteta do Setor de Patrimonio do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Blumenau (Ippub), Rosália Wal, elaborou o projeto de restauração para o interior do Vapor Blumenau. Ela conversou com pessoas que entraram na embarcação nos tempos que ainda navegava, buscou fotos em museus da Alemanha e conseguiu arquivos de museus marítimos. Tudo isso para poder reproduzir com a maior fidelidade possível como foi um dos principais marcos da navegação fluvial do século passado no Vale do Itajaí.
Construído em 1892 na Alemanha e importado para o Brasil, o Vapor Blumenau foi montado num estaleiro em Itajaí. A embarcação foi fundamental para o desenvolvimento da região no início do século. Era através dela que se transportavam mercadorias rumo às cidades litorâneas e também passageiros, que aproveitavam o meio de transporte considerado mais rápido na época.
As escalas de embarque e desembarque eram feiras em Gaspar e Ilhota. Na década de 50, quando as estradas férreas passaram  a ocupar a lacuna até então preenchida pelo Vapor que foi desativado.
Sem navegar nos últimos 50 anos, já passou por duas restaurações desde então. Esta é a terceira reforma e promete colocar o antigo Vapor Blumenau em movimento novamente. "Ele ficará ancorado no porto, mas terá condições de navegação sempre que preciso, em datas especiais", comenta Rosália.

- Matéria provável mês de setembro de 1999, Jornal de Santa Catarina - por Marta Vizzotto.

"VAPOR BLUMENAU BENEFICIADO POR LEI"

Pessoas Físicas e Jurídicas poderão fazer doações para o barco e abater no Imposto de Renda

O Ministério da Cultura concedeu ao projeto de recuperação do barco fluvial Vapor Blumenau I, que está abandonado sobre uma plataforma na Praça Juscelino Kubitscheck, a Prainha, o benefício da Lei do Mecenato. Os empresários e blumenauenses que contribuírem com a restauração do Vapor Blumenau I terão os valores descontados dos impostos federais, especificamente o Imposto de Renda das Pessoas Físicas e Jurídicas.
A restauração do Vapor, que inclui sua navegação pelo Rio Itajaí-Açu, custará R$ 556 mil. O projeto de restauração, baseado no original de 1852, foi desenvolvido por arquitetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Blumenau (Ippub). O engenheiro naval André Luiz Pimentel, de Itajaí, assinou a co-autoria do projeto de restauro. "O Vapor Blumenau I está dentro da proposta de resgate do Olhar do Rio, que prevê também a recuperação do primeiro porto da cidade e da Prainha", frisa a arquiteta Rosália Wal, do Ippub.
O agenciamento para a restauração do vapor será feita pelo Instituto Bertha Blumenau de Preservação do patrimônio Histórico e Cultural. O presidente do Instituto Bertha Blumenau, Luiz Carlos Nemetz, destaca que é o momento de reconhecer a importância histórica e cultural do monumento Vapor Blumenau I. "Ele foi um marco na navegação fluvial pelo rio Itajaí e tem que ser preservado", disse.
A comissão responsável pelo restauro se reúne na próxima semana para estipular as estratégias de negociação e captação de recursos com empresas da região. Uma das propostas é envolver a comunidade e transformar o restauro do barco em um marco de comemoração dos 150 anos da fundação de Blumenau.
O presidente do Ippub, Alexandre Gevaerd, destaca que a concretização do projeto terá agregado em si um forte ponto de atração turística. Juntamente com outros projetos, como a reurbanização da rua XV,  Gevaerd acredita que o Ippub estará contribuindo com a revitalização do turismo na cidade.

HISTÓRIA

O barco fluvial Vapor Blumenau foi construído na Alemanha e montado em 1894, no estaleiro de Itajaí. Ele navegou pela primeira vez em 30 de maio de 1895, quando chegou a Blumenau. A bordo estava, entre outras autoridades o então governador Hercílio Luz. O Vapor Blumenau foi durante anos o principal veículo de comunicação entre Blumenau e o Litoral. Ele foi desativado no final da década de 50, quando a estrada de ferro Santa Catarina passou a exercer a função de principal meio de transporte da região.

Um resgate da história: idéia é transformar o restauro da embarcação, orçado em R$ 556 mil em um marco nas comemorações dos 150 anos de fundação de Blumenau.

- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina em 20/02/1999.

terça-feira, 29 de março de 2011

"MINISTÉRIO DA CULTURA AVALIA DOIS PROJETOS PARA BLUMENAU"

O Vapor Blumenau I é a casa onde será instalado o Museu da Comunidade da Itoupava Seca, também estão na pauta de reformas em patrimônios históricos do município. No ano passado, o Instituto Bertha Blumenau apresentou os dois projetos de restauração ao Ministério da Cultura. O presidente do instituto, Luiz Carlos Nemetz, explica que os dois projetos deverão ser beneficiados pela lei do mecenato, que permite a qualquer pessoa a doação de recursos, com dedução de 5% no Imposto de renda.
Os projetos devem ser aprovados ainda neste semestre. O custo dos dois fica em torno de R$ 350 mil. As obras só irão começar após aprovação dos projetos e o recolhimento das verbas. Nemetz diz que o ideal seria fazer campanhas entre os funcionários de grandes empresas. Como a instituição não tem fins lucrativos, para o recebimento do dinheiro foi criada uma comissão de captação de recursos.
dentro do Vapor será feito um pequeno museu que irá contar a hist'ria dos imigrantes alemães e de todo o processo de colonização, através de documentos e de um acervo fotográfico. Hoje o barco está em situação precária e, acredita Nemetz, se continuar nessas condições não irá durar mais de dois anos. O vapor I, que fez sua primeira viagem em 1895, está instalado na Prainha, que em uma parceria com a prefeitura deverá ser reurbanizada.
O Museu da Comunidade irá funcionar em uma casa antiga que pertence à Escola Básica Municipal Machado de Assis, que irá montar e administrar o museu. Nemetz diz que este é um projeto menor que o do Vapor e todo dinheiro será investido na reforma da parte física da casa, como no conserto dos telhados.

- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina em 15/16 de março de 1998.

"LUTA PELA CONSERVAÇÃO SE ARRASTA A ANOS"

DESDE A DÉCADA DE 50, OCORREM MOVIMENTOS EM DEFESA DO BARCO

Movimentos pela preservação do Vapor Blumenau I existem desde o final da década de 50. Em 1959, o cidadão Pedro Nogueira da Luz, auto-denominado "um blumenauense em Curitiba" resolveu resgatar a dignidade do barco, marco histórico do crescimento da região, já então ameaçado pela deterioração. Escreveu cartas a diversas autoridades, inclusive o então Presidente Juscelino Kubitscheck, com o intuito de apressar o processo de doação do vapor. Um mês depois a prefeitura detinha sua posse.
A origem do Vapor remete à Blumenau do século passado, quando o comércio e a indústria locais começavam a se desenvolver, criando a necessidade de comunicação mais eficiente com o resto do Estado e do país.
Em substituição ao Vapor Progresso, o primeiro a operar, o Blumenau I foi construído em 1894, na Alemanha. Era maior e mais possante que seu antecessor. No ano seguinte ele chegava desmontado a Itajaí, onde foi reconstruído, vindo para Blumenau no mes de junho. Trazia a bordo o governador do Estado, Hercilio Luz, que vinha assistir  a Festa dos Atiradores.
Durante toda sua vida útil, o barco fez o trajeto Blumenau-Itajaí-Blumenau, transportando passageiros e rebocando chatas e lanchas repletas de cargas.
Na enchente de 1911, juntamente com o Vapor Progresso, prestou heróicos serviços resgatando vidas e os bens de familias da cidade e arredores.
Em 1919, sua administração passou a ser de responsabilidade da estrada de Ferro de Santa Catarina. Uma década depois tornaram-se muito comuns os piqueniques a bordo do Vapor, que levava as familias para passeios até a Itoupava Norte.
O desenvolvimento da rede rodoviária e o aperfeiçoamento dos meios de transpportes terrestres, no fim dos anos 40, acabaram pr tornar inviável a exploração da navegação fluvial. Então no ano de 1952, o Vapor foi definitivamente afastado do seu serviço. Ficou ancorado por 7 anos num ribeirão da Itoupava Seca, até ser redescoberto por Pedro Luz. Após sua doação à prefeitura, estsa transferiu para o Kennel Club, para que nele fosse instalada a sua sede. sem condições de reformar o barco, o clube abriu mão de sua posse e o Vapor teve que esperar mais alguns anos até ser consertado e posto na Prainha, onde se localiza ainda hoje.
Os anos continuaram passando, deixando as suas marcas no casco do Vapor. Em 1972, membros da comunidade apelavam para que se reformasse a embarcação. Mas só foram atendidos em 1985, depois das duas grandes cheias terem destruído grande parte deste simbolo blumenauense.

- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina nos dias 29/30 de maio de 1994.

VAPOR BLUMENAU "I" ESTÁ AMEAÇADO PELO ABANDONO

Corroído pelo tempo e pelos vandalismos, a embarcação precisa ser salva rapidamente.

Blumenau - Justamente quando completa cem anos da sua construção, um dos mais importantes remanescentes da memória cultural da cidade está sendo vitima do total descaso. Pelo menos por enquanto, é incerto o destino do velho Vapor Blumenau I, embarcaçao que por muitas décadas, no século passado, garantiu a ligação entre a colônia e o Porto de Itajaí. Hoje, aquele que foi o principal meio de transporte dos tempos da imigração jaz deteriorado na Prainha, junto ao Restaurante Moinho do Vale. "Está entregue à Deus, num estado deplorável", lamentou a diretora da Fundação do Meio Ambiente do Municipio, Ana Holzer.
O Casco apresenta rombos, madeirame interno apodreceu ou foi destruído por vândalos, as ferragens em grande parte foram arrancadas, dando-lhe aspecto deplorável. Quem frequenta a Prainha sabe que, não raramente, os porões que antes transportavam mantimentos e utensílios entre as duas cidades agora são abrigos de desocupados e drogados.
O Vapor está repleto de buracos, o maior deles foi tapado grosseiramente com uma chapa de metal. No interior há lixo e pedaços de cadeira do restaurante vizinho e de telhas. A água da chuva se acumula por tudo e a escada que dava acesso ao convés desapareceu.

MARGINALISMO

A última restauração aconteceu em 1985, quando a embarcação estava praticamente condenada após sucumbir às duas grandes enchentes de 1983 e 1984. Foi entregue remodelada à comunidade em 2 de sentembro daquele ano pelo então Prefeito Dalto dos Reis. desde então o Vapor Blumenau I não recebeu mais cuidados e vem sofrendo os efeitos da ação do tempo e de depredadores. Consta que o local já foi usado até para o tráfico de drogas e encontros sexuais e ações ilicitas de marginais.
Ana Holzer que entre 1991 e 1992 foi diretora de cultura, lembra que na época foram promovidos seis shows com bandas da região, os chamados de Blumenália, na concha acústica com patrocínio da Coca Cola(Empresa catarinense de Refrigerantes), que havia se encarregado da reforma da embarcação. A única exigência que a Empresa fazia era de se manter ali um trailer da Polícia Militar para garantir a ordem e a segurança.
O policiamento foi mantido no local por cerca de 30 dias, mas por falta de contingentefoi logo retirado. Depois disto, um vigia foi pago pelo Restaurante Moinho do Vale assumiu a tarefa. Mas ele acabou violentamente agredido pelos marginais que se refugiavam à noite no barco. O caso foi parar na polícia e os proprietários desistiram da responsabilidade pela zeladoria da embarcação.
Ela lamenta que a área da Prainha esteja praticamente abandonada e que atualmente ninguem possa desfrutar da beleza do local junto ao Rio Itajaí. A concha acústica, numa das extremidades do ajardinamento também está toda semi-destruída: paredes pichadas, lâmpadas estão quebradas. O Chafariz no centro há muito não é ligado.

PATROCÍNIO

No momento há um projeto na Fundação do Meio Ambiente que visa a preservação e a recuperação de praças - a Prainha é uma das prioridades - mas o orgão tem encontrado dificuldades para achar um patrocinador que queira arcar com os custos de manutenção da embarcação. Já o vice-prefeito Vilson Souza, que tem planos de transformar aquela área num complexo turístico e de lazer dotado inclusive de uma mini-cervejaria, revela suas idéias para restauração e uso do Blumenau I: "queremos transformá-lo em galeria fotográfica permanente, na qual ficariam em exposição antigas fotos retratando a formação da cidade". Ele também pensa na possibilidade de criar uma mini-sala de projeções para apresentações de videos, filmes e documentários sobre a colonização alemã. Para ele, uma nova restauração do barco, pelo menos externamente, deve respeitar e recompor as suas caracteristicas originais, o que não aconteceu na reforma anterior quando o vapor acabou um tanto desfigurado.
Ainda não há uma previsão para que esta empreitada comece e nem qual será o total das verbas necessários. Ele diz ainda que a prefeitura precisa agilizar esse processo e que no momento está a procura de patrocinadores para que seja possível a concepção deste projeto. Segundo ele, a prefeitura está mantendo contato com a Cervejaria Brahma, que manifestou certo interesse em participar desta iniciativa.

- Matéria publicada no Jornal de Santa Catarina, em 29/30 de maio de 1994.

"O VELHO MARINHEIRO PEDE REFORMAS E UM MUSEU NO VAPOR BLUMENAU"

Rever velhos amigos e relembrar os bons tempos é o sonho de muita gente. A lembrança das emoções passadas, para alguns, pode dar-lhes forças para realizar esse jogo. Essa é uma teoria que saiu do papel e foi posta em prática pelo velho marinheiro Alfredo da Luz. Ele voltou a cidade natal para reviver o romantismo de uma atividade que desempenhou  durante 27 anos sendo "patrão" do Vapor Blumenau. Inconformado com as modificações estruturais da embarcação, para Alfredo só resta recordar momentos que passou a bordo antes que o barco fosse desativado.
Alfredo começou a trabalhar no Vappor Blumenau em 1929, quando tinha 23 anos. Iniciou como moço de convés, mas a paixão pelas águas o fez, em pouco tempo, marinheiro-patrão. A embarcação fazia viagens diárias de itajaí transportando fécula, animais, alimentos e até carros. Muitos imigrantes alemães que colonizaram a cidade também vieram pelo barco., que, aliás, fora trazido de lá e montado em Santa Catariana.
O Vapor chegava a carregar até 40 toneladas e podia acomodar mais de 30 pessoas. As cargas eram embarcadas em um plano inclinado na Itoupava Seca, próximo de onde hoje funciona o porto de areia. Além dele também o rebocador Santa Catarina e outras onze embarcações iam totalmente tomados. A partida acontecia pela manhã às 10 horas, e a chegado no trapiche perto do porto de Itajaí era ao anoitecer.
Como a viagem era relativamente longa Alfredo explica que a primeira classe ia muito bem acomodada, alojada na parte traseira do convés. A tripulaçao era composta por oito pessoas e os marinheiros dormiam dentro do próprio Vapor porque a volta era somente no dia seguinte. Ele recorda com satisfação das malvadezas que juntamente com seus comapnheiros faziam. Como a de fantasiar de diabo para assustar os outros durante as noites. Lembra também dos maus momentos passados pelo barco, como na enchente de 1927, quando teve que ser amarrado no Hotel Holetz, para não ser carregado pelas águas.
Só que antes disso, em 1919, por decreto do então Presidente da República, Delfim Moreira, a Comapnhia de Navegação, proprietária do barco, foi encampada pelo governo federal e os seus bens passaram todos à Estrada de ferro de Santa Catarina, que os administraria. Conforme documentos do Arquivo Histórico da cidade, "o desenvolvimento da rede rodoviária e os aperfeiçoamentos nos meios de transportes terrestres acabaram por tornar muito cara a exploração da navegação fluvial".
Com isso, o Vapor foi abandonado e quando estava para ser vendido como sucata, foi doado ao Kenner Clube de Santa Catarina para que o usasse como sua sede. Como o clube não tinha condições de recuperá-lo foi tirado do rio e colocado onde hoje é a Praça Juscelino Kubitscheck.
Alfredo lembra que ajudou nessa tarefa amarrando cerca de 100 barris ao redor da embarcação, para que não afundasse. Foi com muita tristeza que ele abandonou o Vapor em 1956 para trabalhar na Rede Ferroviária Federal. picotando passagens e conferindo cargas. Ali trabalhou dez anos e se aposentou. Em 1980 deixou Blumenau e foi morar em São paulo.

MODIFICAÇÕES DESAGRADARAM

Alfredo lamenta que o destino dado ao barco. Ele acha que deveria ter sido conservada a forma original do barco para que pudesse abrigar um museu. Avalia que as alterações tiraram o romantismo da embarcação, porque já não retratam sua imagem verdadeira. O timão, por exemplo, ficava na parte superior do convés, numa "casinha". Os porões tsambém foram modificados e hoje não existe mais a caldeira movida a lenha nem as rodas que faziam com que o barco se movimentasse. O unico compartimento que se conserva na forma original é o local onde os marinheiros pernoitavam.

Texto extraido do Jornal de Santa catarina dos dias 6 e 7 de março de 1988.

segunda-feira, 28 de março de 2011

VAPOR BLUMENAU - 30 ANOS DE LUTA - Publicado pelo Jornal de Santa Catarina em 01/11/1986



           


 Apesar de não funcionar desde a década de 20, servindo atualmente como o marco da colonicação alemã, na região, o Vapor Blumenau, juntamente com o Progresso, já teve seus dias de glória. Transportando carga e passageiros semanalmente entre Blumenau e Itajaí, o barco foi um importante meio de transporte para o comércio e a indústria do município, fundado em 1850 por Hermann Blumenau, hoje um polo econômico de Santa Catarina. Blumenau deve muito do seu crescimento ao trabalho feito no início do século pelos vapores, ambos vindos da Alemanha e comprados pela Comapnhia de Navegação Fluvial Itajaí-Blumenau, criada na década de 70 do século passado.
             Esperado com muito alvoroço e apitando para dar sinal, chega em Blumenau em 1879 o Progresso - Vapor que viera rebocado da Alemanha - em sua viagem inaugural, vindo de Itajaí. Comprado pela recém fundada Companhia de Navegação Fluvial Itajaí-Blumenau, construído pela firma alemã Dampfschiffs uns Machinenbauanstalt e medindo 22,8 metros de comprimento, 3,34 metros de largura e 1,80 metro de altura, com calado de 70 cm, o barco foi de grande valia na enchente de 1880, apenas um ano após a sua chegada, no salvamento de vidas e bens. O progresso, um navio de rodas laterias, máquina a vapor e força de 80 cavalos, cujo primeiro comandante foi Frederico Kuhlmann, transportou carga e passageiro durante muitos anos, prestando grandes serviços à indústria e comércio locais. Mais tarde, seu maquinário, velho e obsoleto, foi retirado e o casco em chata para transporte exclusivo de carga.

CRESCIMENTO DA COLONIA

O constante crescimento da Colônia, verificado no aumento de volume de cargas via Rio Itajaí-Açu, fez com que o Vapor Progresso se tornasse insuficiente para o trabalho. Encomendado para ajudar na tarefa em 1893 pela Comapnhia de Navegação Fluvial Itajaí-Blumenau, à mesma empresa alemã que construiu o primeiro navio, o Blumenau ficou pronto em 1894, vindo desmontado da Alemanha e montado em Itajaí. Medindo 28 metros de comprimento, 4,40 metros de largursa, 2,10 metros de altura, calado de 80 cm e máquina com potencia de 80 cavalos, o barco fez sua primeira viagem em junho de 1895, trazendo a bordo o então Governador Hercilio Luz. Durante 30 anos seguidos o Vapor Blumenau fazia semanlmente três viagens de ida e volta a Itajaí, sempre carregado de passageiros e rebocando várias chatas e lanchas atulhadas de carga. Também na enchente de 1911, juntamente com o Progresso, o barco - hoje popularmente de Blumenau I depois da construção do navio turistico Blumenau II - prestou grandes serviços a comunidade blumenauense e de municípios vizinhos. Em 1919, por ecreto do Presidente da República, a Companhia de Navegaçao Fluvial Itajaí-Blumenau, foi acampada pelo Governo Federal e os seus bens, inclusive o Vapor Blumenau, forma incorporados à Estrada de Ferro de Santa Catarina, que passou a administrá-los. O desenvolvimento da rede rodoviária e o aperfeiçoamento dos meiso de transporte terrestre acabaram por tornar anti-econômica a exploração da navegação fluvial. Era o começo do fim de uma hist'ria de muita luta, marcada pela coragem dos primeiros marinheiros e colonizadores de Blumenau.

SOS VAPOR BLUMENAU

                Desativado na década de 20, o Vapor Blumenau, com suas caldeiras e seu casco corroídos pela ferrugem, foi abandonado. Quando estava para ser vendido como sucata pela estrada de Ferro de Santa Catarina à Prefeitura Municipal, no início da década de 60, após o esforço da populaçao, que não queria que um monumento histórico fosse destruído. destacou-se na luta pela preservação do navio, Pedro Nogueira da Luz, que denominou-se na época como "um blumenauense em Curitiba". Ele escreveu, em setembro e outubro de 1958, cartas a diversas autoridades municipais, estaduais e federais, pedindo "para que, em conjunto, possamos dar ao Vapor Blumenau o destino que ele merece".
                Como Pedro Nogueira observou nas cartas endereçadas à Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores de Blumenau; Sociedade de Amigos de Blumenau; Ministério da Fazenda: Ministério de Viação e Obras Públicas; Senado Federal; Camara Federal; Presidente da República Juscelino Kubitscheck de Oliveira; rede ferroviária federal S.A; Estrada de Ferro de Santa Catarina, Jornais A Nação, A Cidade de Blumenau e Lume; Rádio Clube de Blumenau PRC-4 e outras autoridades, o vapor estava abandonado e encalhado na foz de um riacho na Vila de Itoupava Seca e destroçado pelas grandes enchentes. Na correspondência intulada SOS Vapor Blumenau, Nogueira Luz, sugeria "colocar o vapor em logradouro público, contendo em seu interior os pertences do dr. Hermann Blumenau".
                Hoje, restaurado pela Prefeitura Municipal, após ter sido semi destruído nas enchentes de 1983 e 1984, o Vapor Blumenau está exposto na Praça Juscelino Kubitscheck, conhecida como Prainha. Reliquia histórica, juntamente com a Praça Hercílio Luz - antes de sua transformação em biergarten, o navio é o que de mais concreto existe sobre a colonização alemã e a luta dos primeiros imigrantes em Blumenau e no Vale do itajaí.


Texto de Irene Huscher

EDITORIAL JORNAL DE SANTA CATARINA EM 15 DE JUNHO DE 1994.






VAPOR BLUMENAU -  Por Pedro Nogueira da Luz:

Senhor Editor,
Incompreensivel e lastimável o que se passa com o Vapor Blumenau, um patrimonio histórico abandonado ao tempo, desprezado pelos cidadãos dessa cidade, os quais em grande parte de origem germanica, cujos antepassados se utilizaram desse patrimônio no transporte de cargas e passageiros, bem como, na prestação de socorro quando das grandes enchentes. Aseguir tenho a comentar o seguinte. Em 1959, de passagem por Blumenau, encontrei o Vapor jogado num riacho no bairro de Itoupava Seca. Conforme informações colhidas no local, tive conhecimento que o referido Vapor estava prestes a ser vendido pela rede ferroviária Federal como sucata. Revoltado com o fato, resolvi fazer um apelo ao povo de Blumenau para que salvasse o Vapor. De volta a Curitiba, escrevi dezenas de cartas para Camara de Vereadores, Rede Ferroviária Federal, Jornais, Rádios. Em aproximadamente 30 dias, comecei a receber respostas de minhas cartas, principalmente da área Federal, menos da cidade de Blumenau. Como documento principal, recebi um telex da Casa Civil do então Presidente Juscelino Kubitcheck de Oliveira, doando o Vapor (atraves de processo) à Prefeitura de Blumenau. De posse de vários documentos fui a Blumenau contatar com o Sr. Prefeito, o qual encontrei em companhia do Sr. Busch. Entreguei os documentos aos Sr. Deecke e solicitei ao mesmo que desse prioridade na solução do caso. Passando vários meses voltei a Blumenau e nada havia sido feito com o Vapor. Posteriormente soube que o Prefeito havia passado a operação do resgate  do vapor ao Kennel Clube, o qual com grande sacrificio transportou o vapor atraves de tambores erguendo sobre bases um pouco abaixo de onde hoje está localizado. Quero aqui render minhas homenagens ao Kennel Clube pelo grande trabalho prestado no salvamento do Vapor. Após a localização do Vapor na barranca do Rio Itajaí, lá ficou por longo tempo ao abandono, sem que ninguem demonstrasse interesse na sua restauração. Por ter sido colocado perto das margens do rio, o vapor quase foi destruido por várias enchentes. Assim ficou por vários anos abandonado, sem que os Prefeitos que se sucederam nao deram a minima atenção. Foi quando o Senhor Prefeito Dalto dos Reis demonstrou interesse em reconstruir o Vapor de maneira parcial na sua forma original. Não posso deixar de prestar minha homenagem à paisagista Ana Holzer, uma das pouquissimas vozes a gritar por socorro em prol do salvamento do Vapor. Tenho esperança que a minha luta não tenha sido em vão. Vamos contar com a dignidade e a consciência dos cidadãos dessa cidade para que se conscientizem do valor histórico do Vapor e que venham a fazer uma campanha (não de conversa) para arrecadar fundos para a salvação do Vapor. Blumenau possui um parque industrial fabuloso, um comércio ativo, grandes clubes. Eu não concebo que toda a comunidade venha passando por fases financeiras de dificuldade e de miserabilidade que cada um não possa contribuir com uma pequena parcela de cruzeiros na campanha de arrecadação de fundos para a salvação do Vapor. Caso não seja solucionado vou esquecer o assunto. Sou um cidadão que reside em Curitiba há muitos anos e aqui todo patrimônio histórico por menor que seja é cuidado pela Prefeitura com muito zelo e muito carinho.

MAIS ATENÇÃO PARA O VAPOR


Durante 27 anos, entre 1929 e 1956, o Sr. Alfredo da Luz, com 64 anos, foi Marinheiro de Ordem no Vapor Blumenau e nas 7 outras embarcações que operavam na época, no Itajaí-açu.
              Tem muito amor pelo vapor e seguidamente vai a Prainha onde tem o desprazer de ver o barco completamente abandonado. Ontem o Sr. Alfredo contou a equipe CB como foram os 27 anos de vida do Vapor.
             O Vapor Blumenau veio da Alemanha em partes e foi montado em Itajaí. Sua capacidade era de 35 toneladas e transportava de 50 a 60 passageiros, apesar de ser preparado apenas para fazer viagens com "bastante água". Tinha pouco calado. Durante 70 anos a embarcação serviu no trecho Blumenau-Itajaí. Há 18 anos foi "aposentada e abandonada". Os 60 quilometros do percurso eram feitos em 5 horas quando rio abaixo. Na subida levava de 7 a 8 horas. Servia como rebocador também e sua tripulação era constituída de oito homens apenas.
             Vendo o Vapor Blumenau, hoje, o Sr. Alfredo da Luz, sugere uma pintura e completa restauração, "apesar da dificuldade pois muitas peças foram perdidas". Considera o barco como uma relíquia pública e na sua opinião foi o motivo principal do surto de progresso e desenvolvimento, pois a 70 anos a ligação entre Blumenau e Itajaí era apenas uma simples "picada".
(Esta reportagem foi publicada pelo CB, no ano de 1974)