Apesar de não funcionar desde a década de 20, servindo atualmente como o marco da colonicação alemã, na região, o Vapor Blumenau, juntamente com o Progresso, já teve seus dias de glória. Transportando carga e passageiros semanalmente entre Blumenau e Itajaí, o barco foi um importante meio de transporte para o comércio e a indústria do município, fundado em 1850 por Hermann Blumenau, hoje um polo econômico de Santa Catarina. Blumenau deve muito do seu crescimento ao trabalho feito no início do século pelos vapores, ambos vindos da Alemanha e comprados pela Comapnhia de Navegação Fluvial Itajaí-Blumenau, criada na década de 70 do século passado.
Esperado com muito alvoroço e apitando para dar sinal, chega em Blumenau em 1879 o Progresso - Vapor que viera rebocado da Alemanha - em sua viagem inaugural, vindo de Itajaí. Comprado pela recém fundada Companhia de Navegação Fluvial Itajaí-Blumenau, construído pela firma alemã Dampfschiffs uns Machinenbauanstalt e medindo 22,8 metros de comprimento, 3,34 metros de largura e 1,80 metro de altura, com calado de 70 cm, o barco foi de grande valia na enchente de 1880, apenas um ano após a sua chegada, no salvamento de vidas e bens. O progresso, um navio de rodas laterias, máquina a vapor e força de 80 cavalos, cujo primeiro comandante foi Frederico Kuhlmann, transportou carga e passageiro durante muitos anos, prestando grandes serviços à indústria e comércio locais. Mais tarde, seu maquinário, velho e obsoleto, foi retirado e o casco em chata para transporte exclusivo de carga.
CRESCIMENTO DA COLONIA
O constante crescimento da Colônia, verificado no aumento de volume de cargas via Rio Itajaí-Açu, fez com que o Vapor Progresso se tornasse insuficiente para o trabalho. Encomendado para ajudar na tarefa em 1893 pela Comapnhia de Navegação Fluvial Itajaí-Blumenau, à mesma empresa alemã que construiu o primeiro navio, o Blumenau ficou pronto em 1894, vindo desmontado da Alemanha e montado em Itajaí. Medindo 28 metros de comprimento, 4,40 metros de largursa, 2,10 metros de altura, calado de 80 cm e máquina com potencia de 80 cavalos, o barco fez sua primeira viagem em junho de 1895, trazendo a bordo o então Governador Hercilio Luz. Durante 30 anos seguidos o Vapor Blumenau fazia semanlmente três viagens de ida e volta a Itajaí, sempre carregado de passageiros e rebocando várias chatas e lanchas atulhadas de carga. Também na enchente de 1911, juntamente com o Progresso, o barco - hoje popularmente de Blumenau I depois da construção do navio turistico Blumenau II - prestou grandes serviços a comunidade blumenauense e de municípios vizinhos. Em 1919, por ecreto do Presidente da República, a Companhia de Navegaçao Fluvial Itajaí-Blumenau, foi acampada pelo Governo Federal e os seus bens, inclusive o Vapor Blumenau, forma incorporados à Estrada de Ferro de Santa Catarina, que passou a administrá-los. O desenvolvimento da rede rodoviária e o aperfeiçoamento dos meiso de transporte terrestre acabaram por tornar anti-econômica a exploração da navegação fluvial. Era o começo do fim de uma hist'ria de muita luta, marcada pela coragem dos primeiros marinheiros e colonizadores de Blumenau.
SOS VAPOR BLUMENAU
Desativado na década de 20, o Vapor Blumenau, com suas caldeiras e seu casco corroídos pela ferrugem, foi abandonado. Quando estava para ser vendido como sucata pela estrada de Ferro de Santa Catarina à Prefeitura Municipal, no início da década de 60, após o esforço da populaçao, que não queria que um monumento histórico fosse destruído. destacou-se na luta pela preservação do navio, Pedro Nogueira da Luz, que denominou-se na época como "um blumenauense em Curitiba". Ele escreveu, em setembro e outubro de 1958, cartas a diversas autoridades municipais, estaduais e federais, pedindo "para que, em conjunto, possamos dar ao Vapor Blumenau o destino que ele merece".
Como Pedro Nogueira observou nas cartas endereçadas à Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores de Blumenau; Sociedade de Amigos de Blumenau; Ministério da Fazenda: Ministério de Viação e Obras Públicas; Senado Federal; Camara Federal; Presidente da República Juscelino Kubitscheck de Oliveira; rede ferroviária federal S.A; Estrada de Ferro de Santa Catarina, Jornais A Nação, A Cidade de Blumenau e Lume; Rádio Clube de Blumenau PRC-4 e outras autoridades, o vapor estava abandonado e encalhado na foz de um riacho na Vila de Itoupava Seca e destroçado pelas grandes enchentes. Na correspondência intulada SOS Vapor Blumenau, Nogueira Luz, sugeria "colocar o vapor em logradouro público, contendo em seu interior os pertences do dr. Hermann Blumenau".
Hoje, restaurado pela Prefeitura Municipal, após ter sido semi destruído nas enchentes de 1983 e 1984, o Vapor Blumenau está exposto na Praça Juscelino Kubitscheck, conhecida como Prainha. Reliquia histórica, juntamente com a Praça Hercílio Luz - antes de sua transformação em biergarten, o navio é o que de mais concreto existe sobre a colonização alemã e a luta dos primeiros imigrantes em Blumenau e no Vale do itajaí.
Texto de Irene Huscher